A comitiva do Benfica liderada por Luís Filipe Vieira chegou a Salonica no Domingo, com os olhos bem postos na vitória. Pela frente, irá encontrar um PAOK que já fez dois jogos oficiais. Uma vitória na 2a eliminatória da Liga dos Campeões por 3-1 em casa frente ao Besiktas, e uma vitória pela vantagem mínima, também em casa, frente ao Larissa na primeira jornada do campeonato Grego.
Com três adversários possíveis nesta eliminatória, eu diria que os Gregos de Abel Ferreira eram os que menos desejava. E porque?
Bem, em primeiro, o factor Abel Ferreira faz muita diferença nesta eliminatória de um jogo.
O antigo técnico do SC Braga assinou com o PAOK em Julho de 2019, e apesar de acabar em segundo com 18 pontos de atraso em relação ao campeão Olympiacos, a sua equipa foi a segunda melhor defesa no campeonato. Em 36 jogos disputados, sofreram 29 golos, uma média de menos um golo contra por jogo. Por isso, além de se poder dizer que o campeonato Grego não é o mais competitivo, de certeza que não é assim muito superior ao campeonato Português.
Com mais um pouco de ritmo em termos de jogos competitivos, e sem ter que viajar, esta é uma vantagem que a equipa Grega tem antes do apito inicial.
E, a segunda razão pela qual eu não queria ir à Grécia; o conhecimento do Benfica e do campeonato Português dá uma ajudinha à equipa da casa.
Mas, se formos a ver, a sorte de Abel Ferreira contra o Benfica não tem sido algo de sorrisos e alegrias.
GOLOS ATÉ FARTAR
No comando do SC Braga, Abel Ferreira orientou a sua equipa cinco vezes contra o Benfica. Foram quatro jogos a contar para o campeonato, e um para a Taça da Liga. Infelizmente para o técnico do PAOK, foram quatro derrotas e um empate, e apesar do empate a uma bola na Taça da Liga, nos jogos do campeonato, o Benfica marcou sempre três ou mais golos.
- 2017/18 – Benfica 3:1 SC Braga
- 2017/18 – SC Braga 1:3 Benfica
- 2018/19 – Benfica 6:2 SC Braga
- 2018/19 – SC Braga 1:4 Benfica
O Benfica, nesses jogos liderados por Rui Vitória (3), e Bruno Lage (1), marcou 16 golos, e sofreu apenas cinco. Isso pode não ter nenhuma influência neste jogo, mas pelo menos dá uma esperança de que além de Abel Ferreira conhecer o Benfica, no mesmo campeonato e possivelmente com um plantel melhor em Braga, nunca consegui vencer.
Desta vez, nem que seja por 0:1, será bem-vindo.
INVICTOS EM SALONICA
Se recuarmos até Outubro 1999, o Benfica jogou em Salonica na segunda fase da Taça UEFA, hoje a Liga Europa. A equipa comandada por Jupp Heynckes foi à Grécia e consegui uma vitória por 1:2, golos de Nuno Gomes e Ronaldo.
O Benfica voltou à Grécia em 2014, desta vez com Jorge Jesus no banco, jogo a contar para a Liga Europa, com uma vitória do Benfica por 0:1, golo de Lima.
E em 2018, Rui Vitória liderou o Benfica a uma vitória por 1:4 na qualificação para a Liga dos Campeões, golos de Jardel, Salvio (2), e Pizzi.
Em 2014, Jorge Jesus também venceu o jogo em casa com o PAOK por 3:0. Por isso, Jorge Jesus tem boas memórias dos Gregos, e o Benfica também, principalmente em terras Helénicas.
A ver se Jorge Jesus acrescenta mais uma vitória diante do PAOK, e que o Benfica continua invicto em Salonica.
O QUE SE PODE ESPERAR
Um adversário num 3x4x3, com pressão no ataque, e os centrais bem abertos com bola. Uma característica habitual desta equipa é o ataque a começar com o defesa Giannis Michailidis.
Michailidis costuma procurar o passe longo em profundidade para Akpom, ou então um passe para suportar os movimentos dos laterais.
Quando o defesa Grego tiver a bola, Vertonghen e Ruben Dias terão de ter a capacidade de antecipação, mas ainda mais importante irá ser a pressão ao defesa do PAOK, que provavelmente será Rafa desse lado. Se o atacante Português conseguir eliminar o tempo que Michailidis tiver com a bola nos pés na aproximação à linha de meio campo, conseguirá eliminar uma opção de distribuição que a equipa Grega costuma usar.
Do lado do Benfica, com o estádio vazio, esta viagem torna se um pouco mais fácil.
O Estádio Toumba costuma ser um recinto difícil, mas não é algo que Jorge Jesus não conheça. Da equipa que lá venceu 1:4 em 2018, nove jogadores fazem parte da equipa atual, por isso sabem o que lhes espera.
A linda defensiva provavelmente será composta por André Almeida, Ruben Dias, Vertonghen e Grimaldo. No meio campo, olhando para a maneira como Jorge Jesus alinhou nos jogos de preparação, espera se um triângulo no meio campo com Weigl, Taarabt e Pizzi. E no ataque, Everton e Rafa a tentar explorar o espaço na defesa dos Gregos, com Seferovic o mais provável como o jogador mais adiantado no terreno.
Se houver alguma mudança nesse onze que mencionei, o mais provável é a inclusão de Nuno Tavares em vez de Grimaldo dada a sua falta de ritmo, mas, tudo indica que o defesa Espanhol esteja apto.
O Benfica defrontou o Braga nos jogos de preparação, uma equipa que terá um sistema tático semelhante à equipa de Abel Ferreira. Enquanto que o Benfica nesse jogo entrou bem, a equipa de Carlos Carvalhal depois conseguiu controlar bem o jogo, e até esteve em vantagem. Mas, também não podemos esquecer que o Benfica esteve sem muitos jogadores internacionais nesse jogo.
Para mim a peça chave neste jogo começa com Rafa e Everton. Com o adversário apresentar uma linha de três, irá criar muitos espaços para os extremos do Benfica explorarem. Espero também a possibilidade de o avançado descer entre linhas, para poder arrastar os defesas para depois também poder criar ainda mais espaço no centro do terreno.
Mesmo sendo o primeiro jogo oficial, espero um Benfica bem organizado, e com uma estratégia bem definida para continuar a tradição contra o PAOK na Grécia, e também contra Abel Ferreira.
