ARSENAL – BENFICA: A MALDIÇÃO GREGA

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Mais uma visita à Grécia esta época para o Benfica, e apesar deste jogo ser em Atenas e não em Salonica, o resultado foi o mesmo.

A equipa de Jorge Jesus esteve a minutos de carimbar o lugar na próxima fase da Liga Europa com um empate a dois golos, e de repente, ao cair do pano, tudo mudou.

Ao contrário do que foi o caso no jogo da primeira mão, o Benfica encaixou melhor no jogo logo de início, pelo menos é essa a minha opinião. Tiveram mais bola, e apesar do Arsenal passar à frente no marcador aos 21 minutos, acho que os Londrinos saindo para o intervalo em vantagem seria injusto.

Não é porque o Benfica criou oportunidades claras, mas se dizemos que o Benfica chega à área e não cria perigo, o Arsenal também não está longe disso. Ambas as equipas atravessam momentos semelhantes, e no estilo do jogo, veem se muitas semelhanças, com a diferença maior sendo a categoria de jogadores que o Arsenal tem à sua disposição.

No início da segunda parte, viu se um pouco mais do que tínhamos visto nos primeiros 20 minutos em Roma. Um Arsenal com pressão alta, a não deixar o Benfica sair a jogar.

Foi tanto o sufoco que Jorge Jesus decidiu mexer aos 58 minutos, introduzindo Gabriel, Darwin e Everton para as saídas de Pizzi, Seferovic e Taarabt.

Percebi o que Jorge Jesus estava a tentar fazer. Gabriel refrescava o meio campo, Everton oferecia mais no aspeto individual nas transições atacantes, e Darwin para dar um pouco mais de luta a Gabriel Magalhães e David Luiz. Por vezes tinha me esquecido que Seferovic estava a jogar.

O jovem Uruguaio até ganhou vários lances divididos, e teve um remate ao lado, mas mesmo assim, nota se que este Darwin não é o dos primeiros cinco ou seis jogos da época. Nervoso, sem confiança, e a decidir mais com o coração do que propriamente com a cabeça. Aliás, o seu estado emocional e mental ficou bem claro com a publicação no Instagram esta semana.

Com Rafa aproveitar uma oferta autêntica de Dani Ceballos aos 61 minutos, os encarnados estavam bem lançados para o apuramento. 30 anos depois, o Benfica enfrentava a oportunidade de eliminar o Arsenal mais uma vez numa competição Europeia.

E DEPOIS TUDO MUDOU

Mikel Arteta agora não tinha nada a perder. Lançou Willian e Partey para o jogo, mas mesmo assim, a equipa de Jorge Jesus parecia confortável e capaz de gerir o resultado.

Do nada, aos 67 minutos, uma péssima abordagem ao lance do Everton ofereceu uma passadeira para Kieran Tierney empatar o jogo a dois golos com um remate bem colocado, sem hipótese para Helton Leite.

A parte mais preocupante deste lance é o facto de que Everton tem de saber o ponto forte do defesa Escocês. Tierney claramente prefere o seu pé esquerdo, e numa recessão tão simples, Everton ficou pregado ao chão.

A precisar de mais um golo, Arteta lançou Lacazette, e meteu toda a carne no assador.

Mas mais uma vez, o Benfica circulava a bola, e os Londrinos não mostravam sinais de conseguir o golo decisivo. Nos últimos 15 minutos do jogo, o Benfica por várias vezes entrou no meio campo visitante em superioridade numérica, e todas as vezes decidiam gerir e controlar do que tentar matar por completo o jogo.

Tantas vezes o Rafa ia embalado com a bola, e os centrais do Arsenal a recuarem no terreno. Só que na hora da decisão, independente do portador da bola, a decisão era quase sempre a errada.

A entrada do Nuno Tavares aos 85 minutos parece que foi mais por causa de uma lesão do Grimaldo na coxa. E o Nuno tendo 85 minutos no banco a ver o jogo, ainda mais a preparação do jogo, não é que ele consegue não só entregar o ouro ao bandido, mas consegue repetir o mesmo erro que cometeu em Alvalade.

Ele no momento da recessão do Saka apesar de poder sair mais cedo à bola antes do jogador do Arsenal entrar na área, até se posicionou bem. Mas mais uma vez, um simples movimento para o seu lado esquerdo deixou o completamente baralhado, e o Saka livre de fazer um cruzamento já dentro da área, e sem pressão.

Atenção, eu não culpo necessariamente o Nuno porque a maior culpa é de quem o mete a jogar. Momentos defensivos como este são coisas que se aprende muito cedo no futebol. Dificultar o cruzamento ao adversário, forçar o movimento para a linha de fundo, ou então para o seu pior pé. Isto não é só de agora, estas debilidades já se notavam a época passada.

Quando não há mais ferramenta, toca a construir a casa com o que se tem. E claro, é mais fácil agora depois do jogo apontar o dedo, mas já tem acontecido tantas vezes, que o único culpado dos fracassos de Nuno Tavares chama se Jorge Jesus.

Ele não só consegue constantemente criar desequilíbrios à sua própria equipa com as alterações que faz durante o jogo, mas consegui deitar uma vantagem de dois golos por terra em 26 minutos, contra um Arsenal que era e é acessível.

Critiquei Steven Gerrard pela péssima maneira como geriu os dois jogos contra o Benfica na fase de grupos, mas espera se isso dele tendo em conta que é um técnico jovem. Mas ser eliminado daquela maneira não tem desculpa para um treinador com a experiência de Jorge Jesus.

Arrisco me a dizer que se tivesse sido o Arsenal a jogar fora na segunda mão e estivesse a vencer por 1-2, Arteta exigia que a sua equipa continuasse a um nível alto para matar por completo a eliminatória.

Ao contrário, depois do empate, vimos um Benfica tímido, ainda com receio no último terço, e com preferência de tentar segurar a bola. Parecia um treino onde o treinador diz não vale rematar à baliza, quero que chegues à área, e depois voltamos atrás. Circulação, mais nada.

Enfim, mais uma competição que fica para trás, e no início de Março, o Benfica agora passa a cumprir calendário.

Como dizem os nossos vizinhos do lado nos últimos 20 anos – No próximo ano há mais…

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Michael Gonçalves

Michael Gonçalves

Desde miúdo que o Benfica faz parte da minha vida. Sou Luso-Americano, mas tenho o coração em Portugal. Enquanto que o sonho de ser jogador profissional não deu certo, agora tento transmitir as minhas ideias e a minha paixão pelo Benfica em palavras. Na vida pode se trocar de mulher, mas nunca se troca de clube!