UM AZAR NUNCA VEM SÓ

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Escrevo esta crónica duas horas antes de se iniciar o Braga – Benfica de 21.03.2021. Podia muito bem apagar este texto e escrevê-lo com outro tom após este jogo, mas vou arriscar porque acredito na nossa vitória.

Aprendi com a idade a pensar no médio / longo prazo e assim tento fazer na minha ligação com o Benfica apesar de ser muito mais difícil, como tudo o que exige uma ligação emocional.

É o momento de um balanço. E o mesmo não é positivo.

Estamos neste momento no quarto lugar na Liga Portuguesa, perdemos a Taça da Liga, fomos eliminados da Liga Europa e estamos na final da Taça de Portugal. Realisticamente, lutamos por uma taça e pelo segundo lugar no campeonato, que nos permitirá entrar diretamente na Liga dos Campeões. Como é que isto aconteceu depois de um investimento avultado em jogadores internacionais, alguns deles de renome internacional?

Podemos separar as razões em dois grandes grupos: internas e externas.

As razões internas são, numa primeira fase; o pouco tempo de férias dos jogadores (já muitos se esqueceram que o Benfica teve duas semanas de férias entre temporadas), que levou ao cansaço emocional de muitos deles depois de tempos de incerteza com o início da pandemia no ano passado, o fim do campeonato com jogos em cima uns dos outros e os parcos dias de férias entre as temporadas.

A segunda razão interna é a venda de Rúben Dias e a lesão de André Almeida.

A equipa foi treinada com uma linha defensiva de quatro durante seis semanas e de repente vê-se amputada de 50% da sua defesa, sendo ambos jogadores muito importantes na liderança dessa linha. Um último argumento, mais subjetivo, tem a ver com a incapacidade de a equipa técnica desenvolver os jogadores que comprou e torná-los uma mais-valia no jogo da equipa. Não há um único jogador novo que tenha feito a diferença no plantel.

As razões externas são também três principalmente; O surto que atingiu o Benfica após o jogo com o FC Porto foi demasiado intenso e abalou a equipa, abalou os índices físicos dos jogadores e abalou a rotina diária da equipa, o que num grupo profissional e que necessita de ser diariamente controlado e monitorizado, deve fazer muita diferença.

A segunda razão é a época excecional que está a ser feita pelo Sporting, muito devido à eliminação precoce nas competições europeias. Por toda a Europa as equipas estão a ter dificuldades para se manterem tanto tempo a ganhar (a única exceção será o Manchester City) e é tanto inesperado como de meritório o que eles estão a fazer.

Por último, mas não menos importante, temos a questão das arbitragens. É extraordinário e inexplicável a ausência de penalties a favor do Benfica que já nos custou alguns pontos. Raramente apresento a arbitragem como um problema para uma época (porque os grandes são sempre beneficiados por igual ao longo da época, cuja única exceção foi no ano em que o Boavista foi campeão) mas de facto este ano algo de anormal se passa para os lados do nosso clube. Não sei se tem a ver com o facto de sermos o único clube com solidez financeira e de alguma forma os outros têm que ser resgatados pela “bazuca” Europeia.

Posto isto, tenho a convicção que se mantivermos esta equipa (jogadores e treinadores), acrescentarmos mais alguns jogadores emprestados (Vinícius, Florentino) iremos ter uma próxima época de glória, porque será impossível conjugar tantos azares novamente.

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Nuno Sousa

Nuno Sousa

Nuno Sousa é um homem. Um homem nascido e criado em Guilhufe, terra de encantamentos prostrada no quasi litoral Português. Nuno Sousa deixou Guilhufe no início deste milénio. Guilhufe nunca saiu dele. Nuno Sousa tinha condições para ser modelo de roupa interior mas cedo foi captado pela magia da Construção Civil, arte em que se especializou e onde aplica, na atualidade, conhecimentos ligados à gestão diversa