Terminada mais uma liga de futebol profissional sénior, é momento de fazer um balanço.
O Benfica terminou pelo segundo ano consecutivo em 3º lugar e isso só pode ser considerado um fracasso. Temos várias camadas de responsabilidade e causas para esta classificação.
Começamos logo em julho, a meio do defeso, com a detenção de Luís Filipe Vieira. Apesar de Rui Costa, com 13 anos de experiência como dirigente, tomar posse interinamente passados apenas dois dias, é natural que esta situação cause entropia e até algum desnorte, tendo em conta o perfil autoritário e controlador de Luís Filipe Vieira que, recorde-se, era Presidente há 18 anos.
Esta situação causou indiretamente uma onda de repulsa para com o então treinador Jorge Jesus (JJ).
Sendo uma escolha pessoal do referido ex-presidente, qualquer mau resultado passou a ser um prego no caixão que estava a ser preparado. O último prego foi colocado pelo próprio quando, como várias vezes ao longo da sua carreira, não conseguiu gerir o ego e, muito bem, foi dispensado entre dois clássicos com o nosso maior rival.
Maior incerteza e confusão era impossível a meio do campeonato. Antes disso, tivemos eleições em outubro com Rui Costa a oficializar os três meses de interino entretanto passados.
Rui Costa toma a decisão possível (e acertada) naquele momento criado por JJ e promove Nelson Veríssimo que entra já condicionado com a indicação que o seu projeto é até ao final do ano.
Veríssimo recebe um plantel praticamente com duas derrotas seguidas contra o seu arqui rival e um clube dilacerado (como é costume) na comunicação social.
Estávamos neste momento há semanas a ser confrontados com transcrição de escutas que iam desde dirigentes, treinadores a agentes de futebol.
O plantel estava preparado para um sistema de três centrais e Veríssimo começou por implementar um sistema de dois centrais o que naturalmente expôs as fragilidades dos jogadores disponíveis perante o novo sistema.
O Benfica nunca teve meio-campo à altura das suas necessidades durante toda a época. No novo sistema, essa falha tornou-se ainda mais gritante.
Com a estabilização do sistema veio algum equilíbrio exibicional que nos levou aos quartos de final da Liga dos Campeões. Antes disso, já tínhamos perdido campeonato e taças.
A época do Benfica terminou no dia 13 de abril. Isso notou-se nas restantes exibições e na procura de colocar jovens jogadores na equipa principal. No meio disto tudo, salvou-se a equipa que disputou a Youth League, com uma vitória histórica e sobrestimada por dirigentes.
Acresce ainda uma época anormal de arbitragem que sistematicamente prejudicou a equipa, comparativamente com os seus rivais diretos. Não desculpa nada; o Benfica não perdeu o campeonato por isso, mas existiu, ampliou os maus resultados e isso é um facto.
Ficamos ainda a saber que teremos um novo treinador, com experiência em clubes que lutam por títulos em campeonatos interessantes. Uma boa escolha, se adjuvado por treinadores que conheçam as manhas do futebol português e lhe façam o enquadramento semanal dos jogos que iremos ter.
A nova época está já aí e é importante rapidamente finalizarmos processos que certamente já estão iniciados.
Temos de montar uma estrutura de futebol curta, sólida e unida. Temos de ser assertivos na comunicação. Temos de perceber que vamos lutar contra dois clubes que foram tomados de assalto por dois treinadores, respetivamente.
Os clubes nossos adversários são, neste momento, comandados por dois treinadores, com a vantagem que isso traz.
Nós temos de fazer diferente. Ser firmes ao invés de beligerantes. Mas temos que combater esse belicismo e exortar os responsáveis que o ignoram a combatê-lo e a penalizá-lo.
O Benfica é muito grande, o maior de Portugal e a grandeza traz responsabilidade e o sonho de fazer melhor pela via da justiça, da honra e pela pureza de ser melhor nas mesmas condições. O Benfica deve ser ou procurar a excelência e nunca a mesquinhez e as vitórias pírricas conjunturalmente criadas à custa de mergulhos amparados.