Nos últimos dias temos visto o Benfica a tentar arrumar a casa não só no que toca aos excedentários, como também no que toca aos jovens talentos. Vários jogadores foram saindo com partilha de passes e outros tantos foram saindo através de empréstimos na Primeira Liga.
Este é um trabalho que tem de ser gerido com pinças por vários motivos.
O primeiro e mais importante, tem a ver com o desenvolvimento do jogador e das suas aspirações. Vemos claramente que há empréstimos que são feitos para o jogador sair e outros que são feitos para que o jogador possa crescer. Nesse modelo, podemos observar desde já o empréstimo de Tiago Gouveia, Rafael Brito e Sandro Cruz.
Sandro Cruz é aquele que mais jogou a nível oficial pela equipa A. Contudo também parece ser dado certo que dos três, é o que terá menor probabilidade de vir a ser um titular da equipa principal do Benfica.
Irá ser um jogador de Primeira Liga, mas talvez para voos menores. Porém, havendo potencial, há que ser explorado e potenciado ao máximo e este empréstimo ao GD Chaves é visto com bons olhos por todas as partes. O Chaves de Vitor Campelos é uma equipa que joga um bom futebol e isso poderá servir ao desenvolvimento de Sandro.
Depois, temos Rafael Brito.
Mais um jovem que já ultrapassou os 20 anos e que por isso foi selecionado para continuar o seu desenvolvimento num patamar acima da Segunda Liga. Rafael é um médio com muito talento, com muita capacidade para um dia vestir a camisola do Benfica, mas que joga numa posição fulcral para qualquer treinador. Seria difícil entrar para a posição 6 sem experiência do mais alto patamar do futebol nacional. Mas não nos deixemos enganar. O potencial de Rafael Brito é gigante e no Marítimo com Vasco Seabra irá evoluir para patamares ainda mais altos no seu rendimento.
Este é um empréstimo que favorece o seu crescimento. Ser emprestado a um clube do fundo da tabela e passar o tempo a defender e a bater bolas na frente não ia contribuir em nada com a realidade com que o jovem um dia mais tarde iria encontrar na Luz, mas jogar um futebol positivo, com critério e organização num clube que luta pela primeira metade da tabela, sim, vai ajudar a crescer, vai desenvolver o patamar competitivo e talvez ganhemos um reforço para 23/24.
De todos, à partida o que teria mais condições de ficar já no plantel seria Tiago Gouveia.
O extremo exibiu-se a alto nível na equipa B sendo uma peça chave para os bons resultados obtidos nesse escalão.
Na última época, confirmou todo o potencial que trazia das camadas jovens e o interesse seria só e apenas que continuasse a crescer. Ficar na equipa B não faria sentido e ficar na equipa A à espera de oportunidades não iria contribuir para o desenvolvimento do seu talento. Sair para um Estoril que quer fazer ainda melhor que na última época, encontrar um treinador que já o conhece bem e que consegue extrair dele o melhor e jogar numa Primeira Liga que promete vir a ser competitiva, vai ajudar o Tiago a regressar mais forte e mais experiente para que possa vir discutir um lugar nas opções da próxima época ao invés de ficar na sombra como iria acontecer nesta atual.
Isto são empréstimos positivos. São empréstimos porque se acredita nestes talentos, nestes jovens da casa. Isto é o Benfica a dar possibilidades de crescimento.
Por vezes, sair, é o melhor para que se possa voltar mais forte. Aconteceu assim com Rui Costa no passado e parece vir a acontecer com Florentino esta época. Pode resultar ou não, mas jogar será sempre melhor do que ficar a ver.