Partiu Fernando Chalana. O “Pequeno Genial”, como assim era conhecido, deixou-nos aos 63 anos, neste dia 10 de agosto. Curiosamente, dez é um número que estará para sempre ligado a Chalana. Nasceu a 10 de fevereiro, utilizou o 10 na camisola e faleceu a 10 de agosto.
Mas esta publicação não tem o intuito de ser uma publicação triste. Não tem também, a intenção de ser um texto de homenagem post-mortem.
Este é um texto que tenciona prolongar o legado de Fernando Chalana para quem o viu jogar mas também dar a conhecer quem foi um dos maiores génios do futebol português às novas gerações.
O grande génio da finta foi alguém que encarnou o que é ser Benfiquista no seu melhor sentido. Fernando chegou ao Benfica aos 15 anos, vindo do Barreirense e após ter sido observado pelo grande “Monstro Sagrado”, Mário Coluna. Demorou apenas dois anos a chegar à equipa principal e aos 17 anos fez a sua estreia. Daí em diante, nunca mais largou os grandes palcos assumindo a titularidade durante anos a fio e saindo só depois de um grande Europeu de 1984 ao serviço da Seleção Nacional, onde foi nomeado para a equipa do torneio. Mais tarde regressa, já castigado por várias lesões mas ainda assim, sempre que podia, não deixava de encantar quem o via jogar.
Após terminar a carreira como jogador, teve mais 20 anos a servir o clube em várias equipas técnicas quer fossem elas nos escalões de formação ou na equipa A. Treinador ou treinador adjunto, chegando até a liderar a equipa principal em 10 jogos como interino. Chalana simplesmente serviu o Benfica fosse qual fosse a função que teria de desempenhar.
Uma das características mais comentadas por quem conviveu de perto com o Pequeno Genial, é mesmo a sua grande humildade. Humildade que fez com que criasse admiradores não só no Benfica mas em todos os clubes. Sejam nacionais ou internacionais. Sejam rivais ou não. Para Chalana isso não importa. Chalana, tal como Eusébio, é um ídolo de todos nós. Não importa a cor do equipamento.
Chalana nunca foi um jogador de prémios individuais, mas no que toca a coletivos poucas coisas ficaram por ganhar. Fernando venceu seis Ligas Portuguesas, três Taças de Portugal, duas Supertaças, uma Liga Francesa, um Troféu dos Campeões e duas Taças de França.
Pessoalmente, teve um condão, um dom, um talento… como quisermos chamar. Impressionou Coluna, ganhou destaque só superado talvez por Eusébio, encantou todos os aqueles craques do Benfica aquando a sua chegada, tornou-se inspiração para Paulo Futre e influenciou a carreira de muitos jovens da formação como por exemplo Bernardo Silva. Coincidência, ou não, Chalana parte no dia de aniversário deste último.
E esse é o seu maior legado. A humildade e a simplicidade de uma estrela que nunca gozou desse estatuto. Alguém que se colocou sempre ao dispor para servir o nosso clube até não aguentar mais. Alguém que deixou as suas funções no Benfica na época 2018/2019 após a doença já se estar a apoderar de si.
Benfica é Chalana e Chalana é Benfica. Certamente que estará lá em cima junto de Coluna, Eusébio, Bento e tantos outros.
Todas as palavras serão curtas, todas as homenagens serão poucas.
Obrigado Chalana,
Obrigado Pequeno Genial!