NEM TUDO O QUE PARECE É

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Estamos no início de Novembro. Eu sei que todos nós temos calendários à mão de semear e que não é necessário lembrar em que data estamos. Mas achei que era a melhor forma de começar este texto. Repito. Estamos no início de Novembro.

Estamos a um ponto da liderança, com hipóteses de seguir na Liga dos Campeões (a Liga Europa é quase certa num grupo com duas equipas muito fortes) e continuamos nas taças. Estão decorridas 10 jornadas no campeonato nacional e estão ainda em disputa 72 pontos (escrevo antes do jogo com o Braga).

Porquê esta recente e avassaladora onda de críticas e rumores que novamente se abateram sobre a equipa? Temos 20 jogos efetuados, temos três derrotas (duas delas com uma das trêa melhores equipas do mundo), sendo uma das derrotas para o campeonato num jogo que fomos muito superiores ao adversário e cujo resultado acontece uma vez na vida, tendo em conta a exibição. Temos ainda um empate num jogo fraco da nossa parte.

É isto que é criticável? Não se compreende. Ou compreende-se…

Há muitas formas de se ganharem jogos e sabemos que é mais fácil ganhar a uma equipa sem confiança, insegura e desunida. E é a campanha que está em curso contra o Benfica. Tornar a equipa insegura. Tentar criar uma onda de resultados negativos onde ela não existe.

Falar que o Benfica só ganhou um dos últimos cinco jogos é verdade, mas precisa de contexto. Dois desses jogos foram contra o Bayern de Munique e no empate com o Vitória SC, a equipa jogou com dois ou três habituais titulares. A outra não vitória foi um empate conseguido pelo Estoril nos descontos. Isto também são factos…

Há quem considere que o Benfica tem que fazer melhor contra uma equipa como o Bayern de Munique. Eu também gostava, mas temos que ser rigorosos na análise da realidade.

Creio que o Benfica tem um único jogador capaz de fazer parte do plantel do Bayern de Munique. Esse jogador é João Mário. Isto diz muito da obrigação do Benfica contra estas equipas. Uma coisa é o que gostavamos, outra é o que temos. E o que temos é um plantel que deve ser campeão em Portugal (temos mais soluções que os outros) mas que não tem arcaboiço para se bater consistentemente com as grandes equipas europeias. Nem jogadores, nem treinador, nem intensidade. Não estamos preparados. Mas podemos fazer melhor do que temos feito.

Jorge Jesus tem abusado da tática dos três centrais. No início da época pensei que iria usar essa tática apenas com equipas com pendor ofensivo do nível ou superior ao nosso, o que não tem acontecido. Usar este sistema tático contra equipas inferiores torna a equipa demasiado curta no ataque. Porquê manter três jogadores para normalmente um avançado (recuado) do adversário? Penso que devemos mudar nesses jogos e tirar um defesa central e colocar um avançado de ligação (Ramos ou Seferovic).

Contra o Bayern Munique, deveríamos ter dado mais proteção ao lateral que “levava” com o Coman. Era um aviso que trazíamos do jogo na Luz. Mas aqui se veem algumas lacunas no plantel.

Precisamos de um defesa esquerdo (mesmo defesa) mas não temos. Nesses jogos, Grimaldo pode fazer de Everton e colocar um defesa esquerdo atrás dele.

Ainda relativamente ao plantel, percebe-se a inépcia de Meité. Nunca esperei muito dele e vemos que é um caso perdido. Numa posição fundamental que tem apenas Weigl a um nível alto.

Everton deve seguir o mesmo caminho. Não nos dá o que precisamos e já passou muito tempo. Que vale ter um jogador com potencial, mas que não o aplica jogo após jogo? É a mesma coisa que termos um pneu suplente furado.

Temos ainda o problema dos avançados. Não há eficácia nos nossos avançados. Vimos vários jogos, com várias oportunidades (incluindo contra o Bayern de Munique) e, no entanto, não conseguimos concretizar. Yaremchuck joga muito longe da área e Darwin tem muito potencial, mas apenas isso. Sabemos da física clássica que a energia potencial não produz trabalho enquanto não se tornar energia cinética. É o que acontece a Darwin.

Podemos melhorar, temos que melhorar, mas não é o descalabro que tentam pintar. Estamos perfeitamente dentro dos nossos objetivos e o futuro pode ser de sucesso, assim mantenhamos firme o nosso apoio à equipa.

No final do ano (ou quando os objetivos forem improváveis de atingir) cá estaremos para fazer um balanço e tomar as medidas necessárias. Para já, é tempo de levantar a cabeça, mostrar confiança e apoiar a equipa. Uma ou duas derrotas não mostram a verdadeira face de uma equipa, assim como uma ou duas andorinhas não fazem a primavera.

Um abraço a todos os adeptos benfiquistas, em especial aos seguidores d’O Cantinho Benfiquista.

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Nuno Sousa

Nuno Sousa

Nuno Sousa é um homem. Um homem nascido e criado em Guilhufe, terra de encantamentos prostrada no quasi litoral Português. Nuno Sousa deixou Guilhufe no início deste milénio. Guilhufe nunca saiu dele. Nuno Sousa tinha condições para ser modelo de roupa interior mas cedo foi captado pela magia da Construção Civil, arte em que se especializou e onde aplica, na atualidade, conhecimentos ligados à gestão diversa