Ser Benfiquista já é uma carga emocional enorme, mas o Benfica desta época está no limite de ser insuportável.
Depois de um final de época absolutamente desastrosa o ano passado, de certeza que as coisas naturalmente só podiam melhorar, certo? Tivemos que ver um Benfica com Nelson Veríssimo no banco a perder a Taça de Portugal contra um rival falido e reduzido a dez jogadores.
No que diz respeito ao futebol, desde os anos do Vietname, este teria de ser o momento que se bateu no fundo. Se não foi, andamos lá bem perto.
Agora imaginem tentar esquecer o que se passou a época passada, e agora levamos com isto. A este ritmo, nem uma aguardente bem forte vai ajudar a ultrapassar esta época.
O Benfica investiu números recordes na pré-época.
A transferência mais cara de sempre do clube e do campeonato, o LFV foi de jacto privado para ir buscar o Jorge Jesus versão 2.0, e ele até trouxe com ele o João de Deus. Com Jesus e Deus do nosso lado, mesmo assim não conseguem acertar o passo.
Já mencionei que o Benfica está a pagar à equipa técnica um salário criminoso, no que diz respeito aos salários do campeonato Português?
Eu não fui o organizador do movimento volta Jesus. A minha preferência seria alguém com ideias diferentes, um treinador mais jovem que tenha aquela garra e vontade de ganhar tudo e mais alguma coisa, mesmo que seja só um sprint do balneário ao campo de treino, tipo Marcelo Gallardo. Ganhar tudo, ou como diz o Paulo Parreira, ganhamento!
Mas, a partir do momento em que o Benfica resgatou o JJ de uma novela entre a amante e a esposa, como Benfiquista, tive que apoiar.
Neste momento, os níveis de esperança vão diminuindo rapidamente. Eu sou otimista, especialmente em relação ao Benfica, mas nestas condições, eu e milhões de outros adeptos estamos sujeitos a um ataque cardíaco.
Foi este o treinador que conseguiu por o Benfica a jogar do melhor futebol que a nossa geração já viu. Fomos a duas finais Europeias, e podemos dizer que ele esteve a uma vitória nesses jogos de possivelmente dar o salto para um dos campeonatos de top na Europa.
Eu fui dos que tinha defendido a ideia que JJ precisava de tempo para trabalhar os detalhes desta equipa. Mas com o passar do tempo, é óbvio que o tempo passa, e este Benfica continua banal, sem ideia de jogo, e sem consistência.
Quando se vê uma exibição com garra, vontade e paixão como se viu no Dragão, e depois olhamos para o que se viu contra o Nacional… como é que se pode defender isto? Melhor ainda, como é que se explica isto?
Fora da tática, e a estratégia, tem que haver luta e vontade para querer ganhar dentro das quatro linhas. No total de jogos depois dos primeiros cinco na liga, tem se visto pouco.
O Benfica contra o Nacional até começou bem, marcou o golo, e desapareceu. Ainda por cima, sofremos mais um golo que até uma equipa amadora ficava irritada por sofrer.
E como se isso não fosse suficiente, das poucas oportunidades que criamos, o Sef e o Taarabt conseguiram fazer uma cagada autêntica naquela que foi a melhor oportunidade de golo.
Onde é que está o futebol que o JJ nos habituou? Pressão alta, transições rápidas, vontade de sempre querer mais? Hoje, não há pressão, não há transições, e querer… disso nem falo!
Além das ausências no plantel, e a minha frustração pelo facto que o jogo não foi adiado, o Benfica tinha um plantel bem mais superior ao do Nacional. Uma equipa que vinha de quatro derrotas seguidas e tendo sofrido dez golos, conseguimos marcar só um.
As próximas semanas são absolutamente determinantes para o Benfica, e atrevo me a dizer, para JJ e LFV.
A visita a Alvalade agora ganha ainda mais importância, principalmente se o Sporting vencer o Boavista. Entrar em Alvalade com seis pontos de atraso, e sair de lá com uma derrota seria o pânico autêntico para os lados do Estádio da Luz.
Eu não estou preparado para um funeral em Fevereiro, porque o campeonato ainda é longo. Chegou a hora de o JJ e os jogadores perceberem o problema, e seguirem em frente para honrarem o símbolo que trazem ao peito. Não chega fazer 15-20 minutos bem conseguidos. O futebol são 90 mais descontos, joguem à bola, lutem pelos três pontos, porque se não o fizerem, os próximos meses vão ser muito, mas muito difíceis.