BENFICA – TONDELA: JÁ ESTAVA DIFÍCIL, AGORA AINDA MAIS

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Com a antevisão do jogo, a ansiedade aumentava. Se isso já não bastava, o resultado em Famalicão criou uma espécie de desespero. Tinha que ser no recomeço em casa frente ao Tondela que o Benfica voltava ao topo da tabela. Ao topo voltou, mas não nas circunstâncias que todos nos desejávamos.

As incertezas no centro do terreno criaram muita especulação.

Gabriel recuperado tinha o lugar certo, só faltava conhecer o seu parceiro no meio campo. Por volta das 18h na quinta-feira, Bruno Lage confirmou o que os jornais nacionais já tinham previsto. Meio campo composto com um triângulo – Gabriel e Weigl mais recuados, enquanto que Taarabt ficava mais encostado ao Vinícius.

O TRIÂNGULO SÓ FUNCIONA COM AS PEÇAS CERTAS

Tendo em conta que os três pouco tinham jogado juntos num jogo a valer, o mais certo era apostar no que tinha vindo a funcionar, principalmente após uma longa e inesperada paragem. Bruno Lage decidiu num meio campo praticamente a cinco, com Taarabt a descer no espaço para ligar o jogo entre linhas.

Entre os três, as características são bastante semelhantes.

Weigl funciona como o trinco, ocupando o espaço à frente da linha defensiva sem bola. Gabriel é o transportador da bola, lançando a equipa para o ataque, ou com passes em profundidade, ou com passes a rasgar entre linhas. Já Taarabt, na posição que ele ocupava, ele era para aparecer mais colado à área, ligando o jogo, dando um pouco de criatividade.

O maior problema com estes três para mim é que Taarabt está no lugar errado.

Eu já tinha dito, e torno a dizer – com o triângulo no meio campo, o jogador que está atrás do avançado ou tem que ser um puro numero 10, ou então terá de ser um jogador que possa entrar atrás da defesa adversária, tipo Rafa.

Taarabt é para jogar mais atrás, tal como jogou Gabriel. O Marroquino prefere começar a jogada em terrenos mais recuados, também tendo a capacidade para arriscar no confronto direto com o adversário. Com ele atrás do avançado, aparece mais adiantado, e muitas das vezes aparece de costas para a baliza, o que ele não faz muito bem.

Já com Rafa, alem de jogar de costas para a baliza não ser o seu forte, a sua velocidade é que cria o desequilíbrio.

O internacional Português consegue descer entre linhas para ligar o jogo, mas também tem a capacidade de explorar espaços vazios atrás da linha defensiva, coisa que Taarabt não faz.

Notaram quem esteve envolvido nas jogadas que mais causaram perigo para a baliza do Tondela?

Logo no início do jogo, Rafa apareceu na área rematando de pé esquerdo para defesa do guarda-redes. No começo da segunda parte, ele apareceu mais uma vez no centro do terreno, desta vez o remate a cruzar a baliza saiu ao lado. Aos 53 minutos, Rafa combina com Vinícius à entrada da área, e depois faz um passe para Pizzi descaído para a direita com o remate desviado para canto. Aos 60 minutos, Rafa apanha a bola no meio campo, e com a sua velocidade vai no um contra um com o defesa do Tondela, e depois faz um cruzamento para Vinícius que vê o seu remate bater no defesa e sair para mais um canto.

Mais tarde, Taarabt mete a bola atrás da defesa do Tondela para Rafa, e a jogada resulta num passe de Gabriel para Seferovic, com o remate de pé direito do avançado Suíço a passar ao lado.

Não digo que Taarabt não tenha condições para jogar no onze inicial, mas para jogar mais adiantado num triângulo não dá. Esse lugar tem um nome óbvio, e esse nome é Rafa, mais ninguém.

CRUZAMENTOS PARA QUEM?

Todos esperavam um Tondela compacto e defensivo tentando explorar as saídas no contra-ataque com Richard e Murillo. Por vezes, com o Benfica instalado no meio campo adversário, o Tondela tinha uma linha defensiva composta com seis jogadores.

No meio campo os espaços eram escassos, por isso, foram 38 cruzamentos metidos na área.

Infelizmente, com só um avançado na área, as coisas tornam se ainda mais difíceis.

Esta época, Vinícius ainda só consegui um golo de cabeça, e foi o último golo em Barcelos em que o Benfica venceu 0-1. Tendo oferecido 45 minutos ao adversário, Bruno Lage mexeu aos 60 minutos, lançando Dyego Sousa.

O internacional Português teve um remate de cabeça à trave, e teve um cabeceamento defendido quase na linha de golo por um defesa do Tondela. A tática de inicio foi errada, e depois a reação demorou.

As perguntas que se devem fazer ao técnico do Benfica são as seguintes:

Porque é que Cervi foi encostado? Porque é que Rafa não joga atrás do avançado? Porque é que Samaris foi encostado? E acima de tudo – sabendo que o nosso adversário direto tinha perdido o dia antes e com a oportunidade de saltar para a liderança isolada, porque é que se começa um jogo em casa contra o 14º classificado com um avançado e praticamente cinco jogadores no meio campo?

Tudo isto obviamente é fácil de dizer após um resultado menos conseguido, mas há certas decisões que Bruno Lage tem de repensar. Nós todos não vamos alem de treinadores de sofá, mas não quer dizer que não percebemos de tática ou de futebol em geral. Ele é pago para decidir, e ultimamente, na minha opinião pelo menos, ele tem decidido mal.

Agora, faltam mais 9 finais. Temos de continuar a apoiar a equipa, com a expectativa que o técnico saberá fazer as modificações certas para alcançar o que todos nós esperamos, o 38!

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Michael Gonçalves

Michael Gonçalves

Desde miúdo que o Benfica faz parte da minha vida. Sou Luso-Americano, mas tenho o coração em Portugal. Enquanto que o sonho de ser jogador profissional não deu certo, agora tento transmitir as minhas ideias e a minha paixão pelo Benfica em palavras. Na vida pode se trocar de mulher, mas nunca se troca de clube!