O Estádio Municipal de Aveiro recebe águias e dragões num jogo que tem muita história, mas pouco sorridente para o Benfica.
Ambos chegam a este jogo com uma série de resultados positivos, apesar de estarem longe dos níveis exibicionais que todos esperamos. E para dificultar a tarefa, Jorge Jesus não vai poder contar com Pizzi depois de testar positivo ao COVID.
Campeão em título da Supertaça, o Benfica possivelmente precisa mais deste título do que o seu rival. E porquê perguntam vocês?
HISTORIAL ASSUSTADOR
Com oito Supertaças na sua história, o Benfica só ganhou uma contra o seu eterno rival do norte. Já lá vão 11 confrontos nesta competição entre os dois, e é absolutamente incompreensível como só uma vez (1985), os encarnados saíram vitoriosos.
Mesmo olhando para os confrontos nas várias competições nacionais, nos últimos dez, o Benfica só venceu dois desses duelos, com cinco derrotas e três empates.
Ainda mais, nas últimas setes épocas, cinco das quais o Benfica foi campeão, o Porto ganhou mais vezes nos duelos entre os dois. Como é que isto pode ser?
Será que há ali um problema na preparação? Pode ser que o significado desta rivalidade não se passa para o balneário?
Só quem lá está dentro é que sabe, mas com oito Supertaças contra 21 do Porto em que dez foram à custa do Benfica, entregar mais um título ao Porto vai ser muito difícil.
UMA VITÓRIA PODE LANÇAR A EQUIPA
Apesar do investimento histórico do Benfica na pré-epoca, a verdade é que esta equipa de Jorge Jesus está muito longe do que se espera. Alias, ele até ontem veio dizer que o Benfica estava a 50% daquilo que ele quer.
Na realidade, podemos discutir que este Benfica não joga assim muito mais do que o Benfica da época passada. Mas a maior diferença é que mesmo não estando a jogar bem, a equipa vai conseguindo resultados positivos.
Desde a derrota em casa contra o Braga, o Benfica nos últimos nove jogos tem sete vitórias e dois empates em todas as competições.
Com as vitórias nasce e aumenta a confiança, especialmente quando se ganha um título contra um eterno rival.
É que não há outra volta a dar neste assunto. O Benfica tem de entrar para ganhar, e tem de dar o peito às balas.
Da maneira que estamos a jogar, uma vitória neste encontro pode lançar a equipa coletivamente e individualmente para outro nível exibicional.
Ao contrário, arrisco-me a dizer que mais uma derrota contra o Porto, tendo em conta o historial dos últimos anos e também nesta competição, poderá ser um pesadelo para Jorge Jesus, a direção, e especialmente para este plantel.
A ESPERANÇA
A vantagem que o nosso adversário tem é que esta equipa já tem a sua ideia de jogo definida. Com um técnico que já conhecem e que lá está à uns anos, espera se uma equipa mais organizada, mas a verdade é que mesmo com essa vantagem, este Porto não está a jogar melhor do que o Benfica.
Jorge Jesus está a tentar impor as suas ideias com um plantel que ainda tem algumas debilidades, mas acima de tudo, muitos deles acabaram de rastos a época passada fisicamente e animicamente.
Se há um detalhe que me possa dar esperança, é o facto de que esta equipa não baixa os braços.
Mesmo jogando mal, ultimamente têm mostrado uma capacidade de reação. Alias, já foram tantas vezes que tivemos de ir atrás do resultado, nem sei se seria melhor o Porto começar o jogo já a vencer para ver se a equipa começava logo a despertar após o apito inicial.
Além do uma exibição positiva, o que eu quero, e certamente todos os Benfiquistas, é uma exibição com raça, com vontade, com garra, e com respeito para com os adeptos, e ao símbolo que trazem no peito.
As equipas do Benfica por vezes são muito macias. Toques de habilidade, sem faltas, a não querer reclamar, etc…
Do outro lado, vão encontrar uma equipa que mesmo sendo um lançamento aos 30 segundos de jogo, vão pressionar tudo e todos. É, foi e sempre será assim. É esse o ADN deles, e apesar de não me rever nessas atitudes, por vezes precisamos de um ou até onze guerreiros dentro do campo para impor ordem.
Não quero porrada ou pressões aos árbitros, mas o que quero são onze jogadores que vão à luta. Onze jogadores que não estão com medo de meter o pé ou de fazer uma falta para quebrar o ritmo do adversário. Façam com que eles sintam as mesmas dificuldades, porque se continuarmos a ser uns coitadinhos dentro do campo, posso quase garantir que tornamos a ser atropelados.