Ontem tivemos, finalmente, o quebrar de silêncio do presidente do SL Benfica, Rui Costa.
Foi uma entrevista diferente daquelas a que estamos habituados, havendo lugar a algumas explicações que normalmente não são dadas de forma tão despojada, como por exemplo as explicações da altercação entre Jesus e Pizzi/ plantel.
Vou dividir a minha opinião em dois pontos: um ponto de vista geral onde incluo a forma e um ponto de vista com os pontos mais objetivos da intervenção.
Do ponto de vista geral vê-se que Rui Costa não tem o que é preciso para liderar um clube como o SL Benfica. É estranho perceber-se tanta insegurança e tanta ingenuidade na abordagem a alguns temas, caraterísticas estas impensáveis para um líder num ambiente tóxico, malicioso, matreiro e ardiloso como o futebol.
Pressenti, por vezes, até uma falta de inteligência ou esperteza essenciais para o cargo.
Vi em Rui Costa o que se vê todos os dias em todas as empresas e que já tinha apontado de viva-voz no podcast do Cantinho: o facto de alguém ser muito bom numa tarefa, não o habilita de maneira nenhuma a outras tarefas de maior responsabilidade.
É o princípio de Peter em funcionamento: todo o funcionário tende a ser promovido até ao seu nível de incompetência. E Rui Costa chegou a seu nível de incompetência. E percebe-se isto passados apenas seis meses da sua liderança (ao contrário dos três meses que têm feito passar insistentemente).
Rui Costa podia ser um líder em campo, mas duvido que o seja à secretária.
A explicação da saída de Jesus foi anormalmente clara. Rui Costa foi claro a explicar o que aconteceu apesar de se desdizer. Jesus perdeu o balneário e foi à sua vida. Se a vida de um treinador já não é fácil a gerir um grupo de 30 egos mimados absurdamente ricos, assessorados por agentes gananciosos com agendas individuais ao invés de coletivas, essa gestão torna-se impossível quando não existe apoio da Direção. E Jesus não tinha verdadeiramente apoio da Direção desde a derrota com o Sporting.
A gestão do episódio do Flamengo explica-se a ele mesmo se estivéssemos num clube amador da Distrital. Como estamos no Benfica, teve que ter uma explicação que apenas demonstrou mais uma vez a ingenuidade de um líder que não tem noção do que é a comunicação social desportiva (e não só) em Portugal para com o Benfica.
Esta era inexistente sem o Benfica. Houve claramente uma cortina de fumo lançada por entidades concorrentes em con(c)luio com um grupo de comunicação social e, o nosso clube, que tem nos seus quadros funcionários altamente pagos como especialistas em comunicação, não consegue combater eficazmente este ataque (e outros) deixando-se enveredar numa teia de silêncios comprometidos e ensurdecedores.
O último ponto que quero abordar prende-se com a famigerada auditoria.
Ficamos ontem a perceber que a auditoria encomendada pelo Benfica vai apenas analisar contratos de jogadores. Inicialmente três contratos e agora 55 contratos porque são os mesmos que o Ministério Público tem alegadamente sob investigação.
Temos um ex-Presidente que liderou o Benfica durante 18 anos e que foi afastado por um Juiz por suspeitas de corrupção e a posição interna do Benfica é auditar apenas contratos de jogadores?
Isto é inadmissível e alguém com responsabilidades tem que dizer que o rei vai nu. A auditoria tem que abranger TODA a gestão das anteriores direções até um mínimo de 5 anos sob pena de ser um esforço pírrico e inconsequente.
Espero sinceramente que personalidades idóneas, competentes e com perfil de liderança preparem desde já uma oposição responsável e que lancem as bases para uma verdadeira candidatura de fundo de modo a estarmos preparados para aquilo que será (que muito lamento) brevemente um clube simpático mas completamente ultrapassado pelos rivais mais diretos.
Mas em 3 meses projecta a Cidade Benfica, única no mundo, talvez inspirada por quem o escolheu, digno sucessor portanto do visionário Rei do Betão.
Diz que vai ser o orgulho de todos os benfiquistas e certamente valer por 10 títulos de campeão!