Com o fim da atual pré-temporada já dá para perceber porque o Benfica pensou em ir buscar um treinador como Roger Schmidt.
De 2009 a 2019, o Benfica conquistou vários títulos internos. Alguns poderão dizer que deviam ter sido mais, outros, poderão dizer que foram muitos. É indiferente para esta abordagem. O que se pode constatar é que algures no meio desta viagem houve celebrações, houve bons momentos de futebol, houve jogadores a sair da formação e houve jogadores de renome a chegar à Luz. Porém, no meio disso tudo, também se perdeu uma possível identidade.
Com identidade o que quero dizer é que deixamos de conseguir associar o Benfica a um estilo próprio. Com Rui Vitória, Bruno Lage, Jorge Jesus e Nélson Veríssimo, o modelo de jogo e o sistema tático foram sempre diferentes. Não são treinadores com a mesma filosofia.
No que toca a contratações, ora contratávamos ex-glórias da Premier League, como nomes sonantes da Bundesliga. E não esquecer dos craques vindos do Brasil prontos a explodir na Europa.
A formação, ora foi aposta, ora não foi.
Tivemos equipas recheadas de jogadores do Seixal que pareciam curtas porque nem todos eram prodígios e/ou faltava-lhes experiência. No ano seguinte haviam poucos ou nenhuns jogadores da casa e parecia haver falta de conhecimento do que era usar o Manto Sagrado.
Na estrutura, os cargos eram mudados constantemente. A pessoa X fazia um certo trabalho e na época seguinte iria ser feito pelo Y enquanto que o X foi abraçar uma nova pasta.
Tudo isto ajudou a que por fim o Benfica acusasse esse desgaste e esteja agora há três anos sem qualquer conquista. Algo impensável para nós, adeptos.
O Benfica parece agora querer tomar as rédeas do seu destino e a chegada de Roger Schmidt está a ter impacto desde o primeiro dia. Desde logo, a estrutura tem o seu papel bem definido. Ao que parece, toda a gente sabe o que tem a fazer e prova disso é a comunicação estar a ser mais eficaz e sem fugas para a comunicação social e fontanários da internet.
O mercado também se está a revelar bastante positivo seja nas entradas, seja nas saídas.
Os jovens do Seixal estão a ter oportunidades e é claro para todos que poderão ter a chance de jogar junto de outros jovens reforços que vieram de outros campeonatos para acrescentar valor.
Mas é no jogar que está a diferença. Há querer, há garra, há correria, há VIDA e AMBIÇÃO neste BENFICA!
Há quanto tempo não se via disto no Benfica? Muito.
Demais, se olharmos para o Barcelona sabemos como joga. Sabemos como é o ADN das suas equipas. Se pensarmos no Liverpool igual. Se pensarmos no Bayern Munique também conseguimos logo perceber o que procuram. Os grandes clubes agem desta forma e o Benfica procura igualar. Há que ter um rumo claro para todos.
Ainda estamos no início mas no final da época, quer fique ou saia, Roger Schmidt tem um legado. Implementar um ADN no jogar do Benfica. Colocar a equipa A em parceria com a B, a jogar um futebol atrativo, ofensivo, entusiasmante. Quem quer que venha a seguir já irá ser neste formato e daqui em diante o Benfica pode ter encontrado a sua identidade para os anos que se seguem.
Esta chegada do treinador alemão não se trata de ter alguém para ganhar já. Não se trata de ter alguém que venha combater as equipas fechadas e perdas de tempo da nossa Liga. Trata-se da chegada de alguém que independentemente disso, vai colocar as suas ideias e os outros é que terão de se adaptar ao Benfica!