Nova época, novas ideias e um novo papel para Rafa. Na minha opinião, Roger Schmidt já mostrou que gosta das características de Rafa Silva e o avançado português irá certamente ser um dos titulares deste novo Benfica.
Poderemos afirmar que o jogador tem sido um dos principais destaques do clube nas últimas épocas. Rafa, vai para a sua sétima época na Luz e tem oscilado entre momentos que parecem colocá-lo na alta roda do futebol europeu e logo depois, períodos onde enerva qualquer adepto que esteja menos paciente.
Roger Schmidt desde cedo admitiu que queria contratar um 10, ou para simplificar, um médio atacante criativo, com boa visão de jogo, e com a capacidade de jogar e fazer jogar. O técnico alemão assumiu desde logo o interesse em Götze. Gorada essa transferência, o espaço desse tal médio tem sido ocupado por Rafa e João Mário.
Ao longos dos jogos de preparação percebemos que quem inicia os jogos na posição do clássico organizador de jogo é João Mário. E faz sentido.
João Mário é um jogador com muito critério com bola, com uma qualidade técnica superior, raramente perde a posse e decide quase sempre bem. No entanto, tem menor intensidade no momento defensivo e reação à perda, e tem uma falha grande… tem pouco golo e mesmo em termos de assistências e último passe também não se destaca.
Já Rafa é um jogador completamente diferente.
Rafa é um jogador super veloz e ágil. Tem uma técnica assinalável em condução sendo talvez o melhor da nossa Liga nesse campo. Já ultrapassou o marasmo do passado no que toca a fazer golos, mas ainda não conseguiu melhorar o capítulo da decisão e último passe. E é aqui o seu pecado capital.
No último jogo, frente ao Newcastle, tem várias arrancadas em que ultrapassava tudo e todos mas quando quer assistir, sai mal. Passa demasiado atrasado ou a linha de passe já não existe.
Roger Schmidt tem por isso tentado conciliar o melhor dos dois mundos, não sabendo se vai ter ou não um número 10 como gosta. Götze era um 10 que lhe garantia alguns golos, assim como várias assistências. João Mário não garante nem uma coisa, nem outra, mas tem o critério. Rafa não tem o critério e a decisão, mas tem o golo.
Daqui surge a ideia de Rafa e João Mário irem alternando as posições em busca de uma fusão de estilos que favoreça a equipa.
O que nenhum dos dois oferece são grandes características defensivas. Seja em reação e/ou pressão, seja em organização defensiva. Porém, é aqui que Rafa ganha pontos para ser o 10 mais permanente.
Rafa dá à equipa a possibilidade de após uma recuperação de bola no corredor central, acelerar o jogo rapidamente e chegar à frente antes que o adversário se recomponha.
No meio de tudo isto, outras questões se levantam.
Em primeiro lugar, se o treinador alemão puxar Rafa para o centro do terreno, perde mais uma opção para extremo e o Benfica não tem assim tantos para estar a adaptar os que tem.
Em segundo lugar, o facto de que o Benfica vai apanhar muitos blocos baixos e isso vai retirar muito espaço no corredor central. Em espaços curtos, Rafa não é forte e tende a apagar-se com a falta de espaço. Quase sempre, os golos que faz é quando vem de fora para dentro. Se tiver essa liberdade de movimentos, Rafa é um perigo à solta.
Certamente que o Benfica está a trabalhar para dar ao treinador jogadores que preencham as lacunas identificadas. Mas até lá, vamos continuar a ver Rafa na equipa titular e a aparecer com as suas correrias de bola colada ao pé deixando adversários para trás.