Esta última semana foi uma de vitórias. Depois de termos ido a Glasgow carimbar a passagem aos quartos de final da Europa League, fomos também domingo a Rio Maior bater o Casa Pia com um belo golo de Arthur Cabral, num jogo que tinha tudo para ser mais simples do que realmente foi.
Agora vem aí a paragem para as seleções, o tão esperado descanso que nos permitirá recuperar forças para um abril que se adivinha frenético.
Fora das quatro linhas, a semana ficou marcada pela entrevista de Orkun Kokçu ao jornal neerlandês De Telegraaf. Nessa mesma entrevista, o 10 das águias abordou vários temas sensíveis, acusando Schmidt de não o colocar a jogar na sua posição e de nunca o ter feito sentir como uma peça importante na equipa.
Partamos do princípio que este jogador é um funcionário do Sport Lisboa e Benfica e não deve (nem pode, provavelmente, por cláusulas contratuais) criticar a estrutura interna desta forma, em público, seja em que circunstâncias for. Aquilo que fez foi muito mal feito, o timing foi péssimo, não se percebe ainda muito bem a intenção com que o fez e merece ser castigado pelo clube, tendo, aliás, esse castigo começado já pela não convocatória para o jogo com o Casa Pia.
Agora, conclusões lógicas à parte, analisemos a conjuntura em que se dá este episódio: Schmidt tem sido criticado desde há já mais de um ano pelas decisões técnicas que toma, pelos jogadores que escolhe para o onze e pela forma como os distribui em campo. Isto é um facto incontestável, a maioria dos benfiquistas não gosta da forma como Schmidt tem orientado a equipa e muitos (talvez uma maioria, também) pediram já a demissão do treinador mais de uma vez.
Nos meios de comunicação é possível observar que as opiniões dos adeptos se dividem: enquanto uns criticam de forma veemente aquilo que fez Kokçu, outros deixam comentários de apoio ao Turco, afirmando que a culpa não é dele mas sim do treinador.
Mesmo Diogo Luís, comentador desportivo afecto ao Benfica e ex-jogador do clube, disse na CNN que “Kokçu é apenas a cara visível de vários jogadores que estão insatisfeitos no Benfica”, justificando de certa forma as palavras do atleta.
Ora, a minha questão aqui enquanto “Advogado do Diabo” é: se a maioria dos benfiquistas não gosta de Schmidt e quer que ele se vá embora, que moral é que existe nas críticas impetuosas a Orkun Kokçu, o único jogador lá dentro que se atreveu a levantar a voz contra aquilo que o treinador tem feito? Não o pode nem deve fazer, é certo. Mas seremos nós as pessoas indicadas para o crucificar?
Criticamos o criminoso e criticamos aquele que o acusa. Eticamente, isso será correto?
Que fique bem claro que eu, enquanto membro do Cantinho Benfiquista, falo apenas e só por mim. E mais, a minha opinião pessoal é a de que Kokçu merece um castigo pesado por aquilo que disse. É um profissional num clube de topo, não pode fazer o que fez. Ponto.
Acho apenas que estes exercícios de nos colocarmos numa outra posição, olhando para as situações sob um ponto de vista diferente, podem sempre contribuir para enriquecer o espírito crítico dos benfiquistas em geral.
‘Diogo Luís, comentador desportivo afecto ao Benfica ‘ esta teve graça