Filho de pais angolanos, que primeiro emigraram para Portugal e depois para o Luxemburgo, Leandro Barreiro prepara-se para ser o primeiro luxemburguês a representar o Benfica e também o primeiro reforço para 2024/25.
O que é que ele traz à equipa?
O Mainz joga habitualmente num sistema de três centrais (3-4-2-1), com uma pressão alta e bastante intensa. E o Leandro Barreiro está literalmente por todo o lado e é fundamental nos ajustes da equipa.
Essa é talvez a sua característica que mais se destaca: o trabalho em prol do colectivo, a disponibilidade física, a leitura defensiva, a capacidade de antecipar para onde o adversário vai jogar e encurtar o espaço para pressionar de imediato a segunda linha. Não tem o timing de desarme do Florentino – não estou a dizer que não é capaz de desarmar, só que o Florentino é mesmo muito bom e ele está um patamar abaixo. Mas cobre uma área de terreno ainda maior e também recupera muita bola ou ajuda um colega a recuperar.
No lado ofensivo, a sua eficácia no passe diminui bastante quando está pressionado. Dificilmente o vamos ver a fazer passes como o Enzo fazia. Pode acrescentar algo numa transição rápida porque é relativamente lesto a transportar a bola. Adicionalmente, é um jogador que nos últimos anos tem aparecido com alguma eficácia dentro de área e vê-se quando a equipa está em ataque posicional que ele gosta de aparecer com frequência dentro de área como segundo homem. Ainda recentemente marcou um golo e fez uma assistência contra o Dortmund assim.
Não vai ser um jogador que vai revolucionar individualmente o nosso ataque, é um jogador de colectivo que ajuda os colegas sobressaírem. No entanto é um jogador que me faz acreditar que pode ajudar a recuperar o estilo de jogo do Benfica de 22/23.
Acho que se o Benfica voltar a tentar explorar um estilo de jogo mais individualista como em 23/24, o Leandro Barreiro vai acrescentar muito pouco. Ele é um médio centro perfeito para quem explora algum tipo de gegenpressing. É aí que as suas qualidades se evidenciam. E sendo assim, o Benfica (ou qualquer equipa) só contrataria o Leandro Barreiro se fosse utilizar algum tipo de gegenpressing.
Nesse sentido, também acho que é bastante improvável que o Benfica alguma vez utilize o Leandro Barreiro e o Florentino ao mesmo tempo. São jogadores parecidos, não são iguais, mas são parecidos. O Florentino tem um timing de desarme que o Leandro Barreiro não tem. O Leandro Barreiro é um jogador um pouco mais completo e cobre um área de terreno (ainda) maior. O principal problema é que são practicamente iguais nas dificuldades no passe, em especial quando estão pressionados. E daí não me parecerem muito compatíveis um com o outro, porque a equipa iria ter muitas dificuldades na ligação do jogo da linha defensiva para a linha da frente.
O plano do Benfica em 22/23 foi ter um meio-campo com Enzo, Florentino, Aursnes e Chiquinho. Em 23/24 era Kokçu, Neves, Florentino e Chiquinho. Só a meio da época é que o Florentino se tornou titular, e já desde essa altura que sabemos que o Leandro Barreiro estava fechado para o Benfica.
Acho pouco provável que o Roger Schmidt esteja insatisfeito com o Florentino, mas parece-me que a chegada do Leandro Barreiro vem com o intuito de ser uma versão do Florentino mais ajustada às ideias do Roger Schmidt e do seu gegenpressing. Os dois vão certamente travar uma das maiores “batalhas” na pré-época por um lugar no onze. Acho também que vai ser mais fácil para o Roger Schmidt rodar nesta posição. Apesar de, para ser sincero, foi a minha maior queixa relativa ao Roger Schmidt nesta época e já os adeptos do PSV se queixavam do mesmo.
Consta que é benfiquista e que isso facilitou a sua vinda para o clube.