O Europeu começa já sexta-feira. É muito raro haver transferências de jogadores que estão no Europeu durante o Europeu. Isso dá algumas garantias que o Benfica não vai vender João Neves ou António Silva antes do fecho do ano financeiro de 23/24.
Que impacto poderá ter?
O Benfica teve 18 milhões de lucro no primeiro semestre. Mas, no primeira semestre, registou também 57 milhões em mais-valias com venda de jogadores e 43 milhões em prémios da UEFA.
No mercado de inverno, com as vendas do Petar Musa, do Lucas Veríssimo, Chiquinho e do João Victor, e o empréstimo do Jurasek o Benfica terá registado uma mais-valia total à volta de 11 milhões. Da Liga Europa o Benfica deve ter recebido à volta de 3,5 milhões.
Em 22/23 (no ano passado), os gastos do primeiro semestre practicamente repetiram-se no segundo semestre. Os FSEs subiram um pouco relativamente ao primeiro semestre. Os gastos com pessoal desceram um pouco relativamente ao primeiro semestre. À falta de uma estimativa melhor, vamos dizer que os gastos do primeiro semestre de 23/24 se repetem.
A nível de receitas, se voltarmos a fazer o mesmo exercicio que fizemos para os gastos, habitualmente as receitas, tirando os prémios da UEFA, tendem a repetir-se (em 22/23 houve um pulo significativo nas actividades comerciais de um semestre para o outro, no entanto). Ou seja, o Benfica no primeiro semestre 23/24 facturou cerca de 63 milhões de euros (sem prémios UEFA). À partida deverá andar nesse valor o que vai facturar em no segundo semestre.
Assumindo que tudo o resto se mantém, nas amortizações sairam jogadores e entraram outros, não há grande motivo para acreditar que os gastos com juros serão diferentes, o Benfica estará a caminho de apresentar um prejuízo histórico de à volta de 49,5 milhões no exercício de 2023/24. Isto assumindo que os gastos e as receitas se repetem conforme estabelecemos nos parágrafos anteriores.
Em Junho de 2023, o Benfica tinha um Capital Próprio positivo de 113 milhões, ou seja, o clube tem margem para absorver este prejuízo. Mas habitualmente, as Direcções do Benfica não tendem a deixar os resultados a este nível de prejuízo (o máximo que me lembro foram 35 milhões em 21/22).
Não vendendo o João Neves ou o António Silva até ao final do mês, a probabilidade do clube se ver forçado a vender alguém até julho de 2024 é grande e idealmente um grupo de jogadores que crie uma mais-valia de cerca de 50 milhões.
Relembro que o Arthur Cabral tem um book-value de 16 milhões e como tal, as mais-valias só serão registadas numa venda superior a esse valor. E relembro também que quaisquer reforços no mercado de verão não contabilizam para o apuramento do lucro porque são um investimento e não um gasto.
Para dar um exemplo: Florentino Luís, mais o Paulo Bernardo e o Gedson Fernandes são capazes de produzir uma mais-valia nesses valores.
Há uma boa notícia no meio disto tudo. É que desta maneira o Benfica retira pressão a ter que vender António Silva E João Neves no mesmo mercado de verão (ênfase no E).