O 442 E O TERCEIRO TÍTULO JÁ SE FORAM

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A temporada de 2020/2021 prometia muito devido ao alto investimento que o Benfica fez no mercado de transferências, mas os primeiros meses vêm mostrando um time desequilibrado e inconstante.

O técnico Jorge Jesus vem mantendo algumas de suas teimosias, seja com jogadores ou sistema tático. Admito que pessoalmente detesto o 4-4-2. Acho um sistema pobre para as exigências do futebol atual, tornando-se dependente de peças extremamente específicas para dar resultados.

O elenco atual não tem o dominante Matic nem os incansáveis Enzo Pérez e Renato Sanches. O grupo atual também carece de jogadores inteligentes como Fejsa e Rúben Amorim. No auge e em anos diferentes, todos eles deram muito ao Benfica e permitiram ao clube jogar no 4-4-2 ou em pequenas variações desse sistema.

O memorável ano da #Reconquista foi a última vez onde o Benfica teve sucesso jogando dessa forma, os 5/6 meses finais foram marcados pelo bem sucedido 4-4-2 implantado por Bruno Lage.

É necessário realçar que aquela equipe vivenciou o melhor de Samaris, o Grego sempre foi um jogador regular que pouco comprometia, mas na reta final de 2018/2019 o meio campista foi mais do que isso, Samaris foi perfeito.

Ao seu lado também vimos a melhor fase do Gabriel, o Brasileiro que vinha fazendo um ano apagado se transformou em um 8 que ia de área a área e preenchia os buracos que esse sistema costuma deixar no campo de jogo. Não por acaso o rendimento da equipe caiu depois que ele se lesionou em um jogo contra o Sporting.

O último nome para explicar o sucesso daquele ano é João Félix.

O atacante era inteligente, tinha técnica, velocidade e um bom chute, basicamente uma daquelas promessas do futebol que aparecem esporadicamente em algum canto do mundo, o Seixal foi o escolhido da vez. O jovem Português era e ainda é um fora de série, a ponto de fazer de Seferovic, um atacante mais do que banal, artilheiro daquele campeonato.

Félix deixava o Suíço na cara do gol por diversas vezes ao longo dos jogos, isso acontecia com passes ou simples movimentos que arrastavam a marcação, ainda assim Seferovic precisava de 3/4 grandes oportunidades para concretizar. Se o Jonas estivesse bem fisicamente seria ele o goleador do ano com pelo menos 10 gols a mais do que fez o Suíço.

Depois de toda essa argumentação fica bem claro que o Benfica não tem peças para jogar no 4-4-2.

Samaris já não é o mesmo jogador, e Gabriel, apesar de ainda jovem, nunca mais apresentou o rendimento daquele ano. A equipe de hoje também não tem um João Félix para buscar o jogo atrás e deixar os companheiros na cara do gol.

Na minha humilde opinião, Jorge Jesus deveria deixar a teimosia de lado e usar o meio campo com 3 jogadores, assim “La Defensa de Papel” (nome carinhoso que atribuí ao setor defensivo do Benfica) estaria mais protegida e o meio campo seria finalmente capaz de construir alguma coisa, deixando de ser um buraco entre a defesa e o ataque.

A primeira alternativa que me vem à cabeça é semelhante ao que o mesmo Jorge Jesus fez em 2011/2012. Nessa época o treinador utilizou um meio campo com Javi Garcia e Witsel, deixando Aimar um pouco mais avançado e com mais liberdade. Vale lembrar que essa solução só foi adotada após o Benfica ser atropelado pelo Porto de André Villas-Boas no ano anterior, naquele 2010/2011 mesmo sem ter os jogadores necessários, JJ insistiu no losango que o havia consagrado na temporada do 32. Sem Ramires e Dí Maria o resultado foi desastroso.

Espero que dessa vez Jorge Jesus não demore uma temporada inteira para perceber as limitações do time e faça mexidas rapidamente, caso contrário vamos perder mais um campeonato por incapacidade de leitura de cenário.

O Benfica de hoje tem jogadores para jogar como em 2011/2012 ou ainda será necessário fazer mais adaptações? Sinceramente não sei, mas também não sou eu quem recebe 4 milhões de euros para dar esse tipo de solução, essa é uma tarefa para o mestre da tática.

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