DESILUDIDOS, MAS A CAMINHADA É LONGA

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Ao acordar terça-feira, a ideia de um jogo oficial do Benfica causava ansiedade, ainda por cima um jogo a eliminar. A esperança estava lá bem no topo, mas, mesmo quando a equipa andava de rastos com o cabelo arder, eu tinha sempre esperança. Enquanto que o meu Benfiquismo me tenta levar sempre para o positivo, também consigo separar a realidade. E, qual é a realidade deste Benfica?

Tendo em conta que Jorge Jesus ainda não teve tempo suficiente, para mim, e para muitos, o Benfica tinha e tem equipa para ganhar ao PAOK, seja em qualquer estádio ou parte do mundo. Seja no Maracanã, no Estádio da Luz, ou no Toumbas, este Benfica é superior ao PAOK. Infelizmente, ao fim do jogo, a superioridade mostra se com o resultado final, e desta vez, não foi o que esperávamos.

Ao contrário do que muitos possam dizer, achei que na primeira parte o Benfica esteve bem.

Controlaram o jogo, estiveram sempre no meio campo adversário, e o PAOK via se sufocado na sua área. Além de se jogar 45 minutos numa só metade do campo, faltou ao Benfica o último passe, e, a eficácia no momento decisivo.

Das poucas vezes que apareceu um passe causador de perigo ao guarda-redes adversário, Seferović consegui mal tocar na bola de cabeça. Everton fez lhe um passe de meio golo, e não conseguimos aproveitar.

Pedrinho também teve um lance de inspiração que levou a Zivkovic fazer uma defesa para canto, e Pizzi também executou um livre direto que por centímetros não acabou no fundo das redes.

Na primeira parte, para mim, o Benfica fez o suficiente para merecer a vantagem, mas o futebol não é feito do quase.

Depois do intervalo, começou se a notar o desgaste da equipa de Jorge Jesus.

O meio campo começou a oferecer mais espaço, e Tzolis aproveitou.

Mal a equipa da casa passou à frente no marcador, aí notou se ainda mais a falta de capacidade de resposta do Benfica, e é por aí que quero ir.

Vamos recuar até 2014/15, a última época de Jorge Jesus antes de sair do clube.

Nessa época, o Benfica foi campeão nacional, venceu a Taça da Liga, a Supertaça, mas foram eliminados na fase de grupos a Liga dos Campeões.

O pior foi levar com um golo de Zivkovic!

A partir da chegada de Rui Vitória, nos primeiros dois anos, foram dois campeonatos ganhos, quartos de final na Liga dos Campeões, uma Taça da Liga, uma Supertaça, e uma Taça de Portugal.

Na época 2017/18, foi a primeira vez em alguns anos que a equipa não venceu o campeonato, com a sua única conquista a ser a Supertaça, e à mistura também levamos com a derrota por 5-0 em Basileia.

Aqui começava o fracasso do Benfica, e realmente a primeira vez que o plantel se via com as costas contra a parede.

Rui Vitória foi despedido a meio da próxima época, e um milagre autêntico levou que o Benfica se sagrasse campeão.

O ponto a que eu quero chegar é o seguinte – na época passada claramente viu se um plantel que desistiu dos seus objetivos. A razão, possivelmente nunca vamos saber, mas com isso, vemos um plantel que vinha habituado a vencer, e que raramente via se em momentos de adversidade. Quando as coisas estão a correr bem, geralmente as coisas tornam se mais fáceis.

Agora, por causa do que se passou a época passada, a pressão está a um nível que muitos destes jogadores nunca terão vivido. Isto não serve como desculpa, mas serve para possivelmente ver que alguns jogadores neste plantel não têm o aspeto mental para poderem lidar com esta pressão.

Juntando se a isto tudo, temos um novo técnico que sinceramente tem cartas na mão com que ele não conta, uma massa adepta que está dividida de uma maneira como nunca se viu, e umas eleições que se avizinham, prometendo causar ainda mais que falar.

Tendo em conta isto tudo, volto a sublinhar, este Benfica era para vencer o jogo, e tinha a obrigação de o fazer, mas o futebol tem destas coisas. Mas voltando atrás à questão – o que é a realidade do Benfica?

Certamente este Benfica daqui a uns meses estará a um nível bem diferente, pelo menos é o que se espera, mas esse Benfica do futuro não nos ajuda no presente. Jorge Jesus herdou problemas que em certos casos já tinham sido identificados, mas que ainda não foram resolvidos.

Sabemos que ele tem a capacidade para por esta equipa a praticar um futebol avassalador e alegre, mas isso não vai ser possível em cinco semanas de trabalho, com maior parte dos jogadores fora do plantel nas suas respetivas seleções. A realidade hoje é que o Benfica neste momento merece estar na Liga Europa, e é por aí que esperamos que este plantel cresça, e possa encontrar o seu rumo e a sua identidade.

Em relação às competições nacionais, espero um Benfica muito competitivo, e que irá lutar pelos três títulos em Portugal. A caminhada é longa, e apesar de levarmos com o pesadelo de Salónica, não é por sermos relegados para a segunda divisão das competições europeias que agora vamos desistir, especialmente tendo em conta que já só fizemos um jogo oficial.

Na sexta-feira há o início do campeonato, e o foco agora terá de ser em começar essa competição da melhor maneira possível.

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Michael Gonçalves

Michael Gonçalves

Desde miúdo que o Benfica faz parte da minha vida. Sou Luso-Americano, mas tenho o coração em Portugal. Enquanto que o sonho de ser jogador profissional não deu certo, agora tento transmitir as minhas ideias e a minha paixão pelo Benfica em palavras. Na vida pode se trocar de mulher, mas nunca se troca de clube!