SERÁ QUE A CARTILHA JÁ CHEGOU AO NEW YORK TIMES?

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Antes de mais nada, começo por dizer que seja qual for o clube, se estiverem envolvidos em corrupção ou viciação, devem ser punidos. Agora, nem imaginam o quanto surpreendido fiquei ao ver uma notícia esta semana no New York Times a falar do puder e da capacidade dos tentáculos do polvo Benfiquista.

O autor do artigo, Tariq Panja começa por falar dos vários juizes, políticos, autoridades da polícia e até o Presidente da República por serem conhecidos adeptos do Benfica. Olha que ao ler estas frases confesso que surpreendido não fiquei, mas sim perplexo e confuso. Esta informação só serve para tentar no resto do artigo convencer o leitor que o Benfica manda em tudo.

Não é notícia para ninguém saber que o Benfica em termos de dimensão é o maior clube em Portugal, e quem não consegue admitir isso, ou não percebe do assunto, ou então precisa de algo para tratar da azia. Sempre foi, e de certeza que sempre o será, mas o futuro o dirá.

Todos sabemos que Rui Pinto conseguiu obter muita informação, mas não vamos esquecer que essa mesma informação, ou maior parte dela foi obtida de forma illegal. Independentemente da informação que ele possa ter, a realidade é que ele teve acesso a documentos, computadores, emails, etc, algo que não tinham nada a ver com ele.

Mas a melhor parte disto tudo é o seguinte – onde andavam estas pessoas que são tão contra a corrupção no tempo do Apito Dourado? Onde andavam essas certas pessoas de puder no tempo do Apito Dourado? Então se o Benfica manda em tudo, de certeza que naquele tempo ainda havia gente com puder, mas a realidade foi o que se viu.

Porque será que diretores / delegados ligados a clubes rivais foram visitar Rui Pinto na Hungria? Porque será que os líderes da claque de um clube rival andam a proteger esse mesmo Rui Pinto? Os assaltos a casas de árbitros, e mais alguma coisa, isso tudo passa despercebido.

Para o senhor Tariq Panja, gostava de lhe perguntar de onde chegou a cartilha? Ele mostra elevado interesse nisto tudo, mas não vejo nem uma referência ao passado da corrupção em Portugal, que foi arquivado, ou mesmo ao clima do futebol hoje em dia em Portugal. Porque é que não aparecem notícias ou informações sobre um certo clube rival nos documentos do Rui Pinto? De certeza não é por acaso.

Aos leitores, não se esqueçam – corrupção há em todas as partes do desporto, política e infelizmente na vida geral. Mas, não caiam na tentação de se deixarem convencer que o Benfica manda em tudo. E para aqueles que puxam a conversa dos tempos do Salazar, eu também lhes pergunto dos anos 90 e mais além.

Os anos em que há telefonemas gravados com dirigentes de um certo clube a falarem com gente de puder no futebol. Tudo bem visível para todos verem e ouvirem, mas pelos vistos, como o Benfica manda em tudo, pode ser que eles não quiseram que o seu rival fosse condenado. No meio disso tudo, o Boavista foi cair na Segunda Divisão. Então senhor Tariq, disso não se fala?

Para fechar – tal como na Itália aconteceu e mais recentemente provavelmente na Grécia, é preciso ter coragem para condenar sejam eles grandes ou pequenos. Se agora queremos em Portugal tentar tapar os olhos a muitos e decidir que só agora é que a corrupção e a viciação importam, então está tudo à vista.

Querem parar com a corrupção, então vamos começar do princípio. Vamos por tudo em cima da mesa, tudo que foi arquivado, e depois que venha o diabo e escolha.

Fica aqui um desafio ao Tariq Panja e ao New York Times – querem falar de corrupção em Portugal? Falem de tudo, passado e presente, e depois faremos as contas.

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Michael Gonçalves

Michael Gonçalves

Desde miúdo que o Benfica faz parte da minha vida. Sou Luso-Americano, mas tenho o coração em Portugal. Enquanto que o sonho de ser jogador profissional não deu certo, agora tento transmitir as minhas ideias e a minha paixão pelo Benfica em palavras. Na vida pode se trocar de mulher, mas nunca se troca de clube!